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Foto: Daniele Lira |
Um time de futebol feminino estava passando por Jacy-Paraná rumo a sua primeira competição estadual. No caminho, viram uma menina magra e suja jogando futebol em um campinho com os meninos do bairro. O futebol da jovem de 14 anos se destacou tanto entre os demais que ela foi convidada para seguir viagem com o clube, e do jeito que estava ela foi. Assim começou a história de Viviane Andrade no futebol feminino. Vinte anos depois, a jogadora tem títulos no currículo incluindo um Campeonato Rondoniense e a participação em algumas Copas do Brasil.
Para as demais jogadoras do Genus, conciliar vida pessoal e trabalho nos campos é rotina. Para Viviane, além das tarefas de atleta, estudante e mãe, é acrescentado o cargo de coordenadora da ala feminina do Aurigrená. Às véspera da estreia na Copa do Brasil, ela conta que a agenda apertou, o amor pelo time falou mais alto e foi preciso deixar o emprego para se dedicar integralmente à equipe.
Com a voz embargada pela emoção e levada pelo vento forte que indica que terá que treinar mais uma vez embaixo de chuva, Viviane fala sobre as dificuldades que enfrenta na direção do grupo. No entanto, apesar dos problemas como falta de apoio, recursos dentro do esporte e tempo, ela também conta que toda a luta vale a pena.
- Minha rotina é um pouco corrida. Tenho a faculdade, minha filha, que acabou tendo que se adaptar a essa correria, os treinos e ainda os bastidores do futebol. Ano passado quase não passo em duas matérias por causa do Rondoniense e esse ano já vou ter que faltar aula no dia 11 desse mês por causa do jogo. Pelo lado financeiro definitivamente não vale tudo isso. O futebol não é só o jogo, é bem mais complicado do que parece, mas quando eu vejo a alegria das meninas tudo faz sentido. Futebol é a minha paixão e eu faço isso por elas.
Genus estreia na Copa do Brasil de Futebol Feminino dia 4 de fevereiro (Foto: Daniele Lira)
A filha, Thauany Pires tem sete anos e, de tanto acompanhar a mãe nos treinos, virou a mascote do time. Com essa mesma idade, Viviane não apenas acompanhava os jogos em Jacy-Paraná, sua cidade natal, como mostrava em campo um potencial que a levaria longe.
- O esporte mudou tudo na minha vida. Não me levou para um caminho errado e me incentivou a voltar a estudar. Quando eu era mais nova larguei tudo pela bola, e agora a bola está me levando de volta para a sala de aula. Comecei a jogar com sete ou oito anos, e quando tinha uns 14, um time daqui, o Bingool Clube, que estava passando pela minha cidade me viu jogar e me chamou para disputar o primeiro estadual feminino. Fui suja do jeito que estava e eles me arrumaram uma chuteira. Desde então eu nunca mais consegui me ver longe disso.
Com a agenda lotada, uma lesão no LCP (ligamento cruzado posterior) do joelho esquerdo e o sonho de seguir no esporte e ajudar o futebol a crescer, a estudante de educação física revela o fim da carreira nos campos. Como jogadora, os trabalhos encerram com a Copa do Brasil. Mas como gestora, a competição é apenas o primeiro passo.
- Essa não a minha primeira Copa do Brasil, mas é a mais importante pois eu fiz parte de todo o processo. Daqui para frente muita coisa vai acontecer e eu pretendo colocar alguns projetos em prática. Não sei quais são os planos do Genus para o futebol feminino, mas se não forem concretos eu me desligo do clube depois da Copa. A minha última competição como jogadora é essa e daqui para frente eu quero trabalhar com gestão.
Via G1
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