Marcos é coordenador do Pelotas/Phoenix Foto: Ricardo Moura |
Na base da pressão de Leis, como o PROFUT e também de FIFA e CONMEBOL, muito a contragosto, na maioria dos casos, CBF, Federações e clube tradicionais (de camisa), do futebol masculino, começam a "ter" que enxergar o futebol feminino.
Sim, termos competições nacionais, seleções da adulta à sub 17, clubes que por mínimo que façam (e farão o mínimo), já entram com orçamentos impensáveis, para quem trabalha na modalidade, nas últimas décadas, representa avanços.
Ter clubes que "assinam carteira" e que pelo simples fato de entrarem nas competições, já trazem um maior espaço na mídia, é algo a se comemorar. Mas, num olhar mais atento, constatamos um movimento excludente e seletivo, que visa cumprir exigências e beneficiar apenas os grandes clubes(camisas tradicionais do masculino) e em segundo plano, as equipes de futebol feminino, já estabelecidas.
O fim da Copa do Brasil, competição "mais democrática", que possibilitava aos campeões estaduais(fossem quem fossem) jogar e ter visibilidade, numa competição subsidiada/patrocinada; a destinação das vagas do Campeonato Brasileiro, no ato de sua criação, usando critérios(?) políticos(politicagem), fazendo surgir clubes sem tradição nenhuma na modalidade(paraquedistas), em detrimento de trabalhos sérios, reveladores de talentos; o aumento num "canetaço" do número de vagas da Série B, deste ano; o preenchimento das vagas do futuro Campeonato Brasileiro sub 18 (ocorrerá de julho a setembro), mas já definiram quem pode jogar (sem possibilitar classificação via estaduais); as vagas no Torneio de Desenvolvimento do Futebol(categorias sub 14 e sub 16), que ocorre desde 2017, também agora, com vagas destinadas à quem "for amigo do rei"; cursos para técnicos com valores inviáveis para dezenas, centenas de profissionais que atuam no meio; federações que se mobilizam apenas em torno dos clubes filiados(os grandes), desinteressadas por competições na categoria adulta e sem dar a mínima, para as categorias de base, etc,etc e etc; e assim, vão elitizando, restringindo, excluindo quem trouxe o futebol feminino até aqui, pelos rincões do interior do Brasil.
CBF e Ministério do Esporte até hoje, não sabem dizer quantos clubes de futebol feminino existem no Brasil ? (com CNPJ, estatuto, etc) e quantos treinadores atuam no meio, habilitados pelo CREF's e Sindicatos dos Treinadores ? Como organizar um plano sério de desenvolvimento, sem ter conhecimento destas informações básicas ?
Entendendo que temos clubes amadores, que tem seu tamanho, alcance e objetivos; os médios, que como no masculino, jogarão competições oficiais, revelarão valores, num ano ou outro vencendo os "grandes" e os maiores, que terão maior orçamento, estrutura, resultados e visibilidade e isso, "é normal."
Mas, num momento de aparente crescimento do futebol feminino, onde a grande maioria das pessoas, desconhece o tema, além de cometer injustiças, seguindo desta forma, perderemos uma grande oportunidade, de realmente encontrar o rumo do desenvolvimento da modalidade.
Quem não tiver contatos e condições "de sobrevivência", será literalmente engolido pelos grandes.
Por Marcos Planela
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