No intervalo dos jogos, uma cena pouco comum chama a atenção: uma das jogadoras sai do campo de futebol e sobe rapidamente as arquibancadas para amamentar a filha, de apenas cinco meses de vida. Graduada em Artes pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), pós-graduanda em Política da Igualdade Racial no Âmbito Escolar, estudante de Biblioteconomia, mãe da pequena Tessália Isabelly e jogadora universitária de futebol feminino.
Sarah Cristina Pereira da Silva, de 25 anos, é uma das mais de 600 atletas dos 26 Estados e do Distrito Federal que participam da 2ª Copa Brasil Universitária de Futebol Feminino (CBUFF), em Maceió, ao longo desta semana semana. Natural de Macaé, no Rio de Janeiro, ela é uma das garotas que batalham diariamente para conciliar o esporte com os estudos. Com experiência no futsal, Sarah foi convidada para integrar o time representante da UFMA.
“Essa é a minha primeira competição a nível nacional e já me considero vitoriosa”, afirmou. Sua expectativa é continuar se dedicando ao esporte. “Depois de ter visto o quão grande é essa competição, quero continuar me dedicando mais ao campo. Mas também não quero deixar o Futsal, acredito que chegará o momento em que terei que optar por um dos dois. É uma experiência legal saber que o país tem ótimas jogadoras e técnicos. Sou muito grata ao meu, Marlon Lemos, por conseguir nos fazer capazes de nos reconhecermos no futebol”.
Múltiplas funções
Para Sarah, é “um pouco complicado” conciliar todas as suas funções, mas sua prioridade é a filha, Tessália. A jogadora trabalha como orientadora social da prefeitura de São Luís do Maranhão, de segunda a sexta-feira das 8h às 11h, e nas tardes de segunda e terça-feira é professora da rede privada.
Como sua especialização é semi-presencial, ela só possui aulas presenciais durante todo o dia duas vezes por mês, em uma sexta-feira e sábado. Quantos aos treinos, se reúne com a equipe nas segundas, quartas e sextas-feiras entre 12h e 14h, horário estratégico para as atletas.
“Eu tenho esse lado esportivo e é algo que gosto de fazer. Como as aulas do curso de Biblioteconomia são pela manhã, vou tentar transferir meu trabalho como orientadora social para o período da tarde durante alguns dias. Todos os meus momentos vagos eu dedico à minha filha. Se não estou em casa deixo o leite materno. Quando não posso, ela fica com minha sogra ou com o pai. Conciliar todas essas funções é natural da mulher”, destacou.
Esporte e educação
“A importância da educação é máxima. Eu não estaria no esporte hoje se não tivesse entrado na universidade primeiramente. Não sabia jogar, tocar na bola”, divertiu-se Sarah, ao relembrar que ingressou na UFMA no ano de 2008 e logo procurou o núcleo de esportes da instituição para saber quais modalidades eram oferecidas.
“Através do esporte a gente desestressa, põe a saúde em dia, tem uma alimentação mais regrada. São vários benefícios. Mas pra mim a educação vem em primeiro lugar, porque é pra minha vida profissional. No momento, o futebol é um lazer que eu levo muito a sério. Hoje não tenho planos de me profissionalizar porque tenho vínculos na minha terra, tenho muito amor pelo meu lugar”, explicou.
Sarah ressalta ainda que após o término da CBUFF, a equipe maranhense deve se preparar para os Jogos Universitários Brasileiros (JUBs), competição que acontece em outubro e também é promovida pela Confederação Brasileira do Desporto Universitário (CBDU).
“Nosso foco no momento é o Futsal devido ao JUBs, mas quremos continuar treinando no campo pelo menos uma vez por semana e voltar para a Copa no que vem, para alcançar uma melhor colocação. A CBUFF é um ótima oportunidade para trocar experiências com as colegas de outros estados, conhecer novas culturas e também mostrar nosso talento”.
Futebol Feminino
Sarah ainda faz uma avaliação do futebol feminino. Para ela, a modalidade está em crescimento e precisa haver uma quebra do preconceito.
“Poucas pessoas tem acesso aos jogos da seleção brasileira feminina, isso precisamos melhorar. A CBUFF é um evento importante para disseminar o esporte e mostrar que as mulheres também tem qualidade técnica, sabem jogar. Precisamos divulgar e fortalecer mais nossa modalidade, tanto para tirar essa visão retrógrada de que futebol é só para homens, quanto para que no futuro crianças possam dizer que querem ser uma futura atleta do futebol feminino”, finalizou.
Imagem: Luiz Pires/Fotojump
Mara Almeida
Em Contexto Comunicação
Assessoria de Imprensa CBUFF
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